A demanda por trigo de melhor qualidade nos moinhos do Rio Grande do Sul está impulsionando uma importação significativa do grão argentino, que pode chegar a 1 milhão de toneladas este ano, segundo o analista Elcio Bento, da consultoria Safras & Mercado.
Até o momento, 542 mil toneladas de trigo argentino já foram importadas pelo estado, tornando-o o segundo maior importador do país, atrás apenas de São Paulo, que já adquiriu 675 mil toneladas. A demanda dos moinhos gaúchos é estimada em 1,9 milhão de toneladas.
"A quebra da safra de 2023, causada pelo El Niño, levou à necessidade de recorrer ao nosso maior parceiro no Mercosul", explica Hamilton Jardim, coordenador da Comissão de Trigo e Cereais de Inverno da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).
No ano passado, o Rio Grande do Sul praticamente não importou trigo, exportando mais de 3 milhões de toneladas. No entanto, devido à quebra da safra, a importação em 2024 deve atingir cerca de 750 mil toneladas, de acordo com Gerson Pretto, presidente do Sindicato da Indústria do Trigo (Sinditrigo/RS).
Além da Argentina, Uruguai e Paraguai podem ser fornecedores alternativos. Embora o Paraná seja o quinto maior produtor de trigo do Brasil, após o Rio Grande do Sul, também enfrentou os efeitos do El Niño.
Atualmente, o trigo argentino chega à Região Metropolitana de Porto Alegre por R$ 1.312 a tonelada, um valor que, por enquanto, não deve resultar em aumentos significativos no preço da farinha ao consumidor, segundo Elcio Bento e Hamilton Jardim. No entanto, Pretto não descarta essa possibilidade, destacando que 70% do preço da farinha é determinado pelo preço do trigo.
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