Origem da fumaça transnacional preocupa autoridades ambientais e população gaúcha
Pela primeira vez no ano de 2023, o Rio Grande do Sul está sofrendo os impactos da influência de um corredor de fumaça proveniente da região amazônica. Dados de satélites e modelos de dispersão de aerossóis confirmam que este corredor alcançou o território gaúcho, levantando preocupações sobre a qualidade do ar e a saúde pública.
O fenômeno foi identificado através do Sistema Copernicus, que utiliza modelos de dispersão de aerossóis para rastrear o movimento da fumaça. O mapa gerado pelo sistema evidencia claramente o corredor de fumaça, originário da região amazônica, que avança pelo interior do continente em direção ao Sul, alcançando o Rio Grande do Sul, onde se curva para Leste. Além disso, a imagem revela a maior concentração de aerossóis sobre o estado do Amazonas, onde as autoridades registraram um número de queimadas muito acima do normal neste mês.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o estado do Amazonas registrou 5.224 focos de calor identificados por satélites nos primeiros 20 dias de setembro, superando significativamente a média histórica de 3.003 focos de calor para o nono mês do ano no período de 1998 a 2022. Este já é considerado o segundo pior setembro de incêndios na história do Amazonas, com mais de mil focos registrados em um único dia, em 5 de setembro, segundo dados do INPE.
A chegada da fumaça, carregando material particulado na atmosfera, alterou a paisagem no Rio Grande do Sul. Na noite de quarta-feira, a lua apresentou um aspecto alaranjado em diversas cidades gaúchas, enquanto o pôr do sol exibiu cores mais vibrantes devido à presença da fumaça na atmosfera.
A previsão é de que a fumaça continue a afetar o Rio Grande do Sul até o final de semana, devido à influência de uma corrente de jato em baixos níveis da atmosfera que traz a fumaça da Amazônia, Bolívia e Centro-Oeste do Brasil para o Sul. Essa corrente de vento, situada a cerca de 1.500 metros de altitude e originária da Bolívia, traz consigo ar quente e seco, resultando em temperaturas elevadas e forte calor na Metade Norte do estado nos próximos dias.
A situação é agravada pela extraordinária onda de calor que se estende pelo Paraguai, Bolívia e o Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, com previsão de temperaturas extremamente altas. Esse cenário aumenta a preocupação com o aumento do número de focos de incêndios e queimadas nos biomas Pantanal, Amazônia e Cerrado.
As autoridades ambientais e a população gaúcha estão em alerta diante dessa influência sem precedentes da fumaça das queimadas amazônicas, ressaltando a urgência de ações de combate ao desmatamento e de preservação dos recursos naturais.
Fonte: METSUL, INMET, INPE
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