Rio Grande do Sul enfrenta perspectiva de chuvas acima da média na primavera devido ao El Niño
Data: 18 de setembro de 2023
Após semanas de chuvas frequentes e intensas que afetaram todo o Estado do Rio Grande do Sul, as perspectivas para os próximos meses não são de alívio. Pelo contrário, os meteorologistas alertam que a tendência é de que a precipitação continue acima da média histórica na região, mesmo com a chegada da primavera em 23 de setembro. Segundo especialistas, os meses de outubro e novembro também devem apresentar chuvas mais intensas do que o usual.
O fenômeno meteorológico El Niño é apontado como um dos principais responsáveis por essa condição climática. Murilo Lopes, meteorologista da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), explica:
> "Quando configurado no Oceano Pacífico, o El Niño tem uma influência muito forte na primavera. Então, mais uma vez, reforçamos que a estação tende a ser bastante chuvosa. Isso não quer dizer que teremos situações de mesma proporção como a que atingiu o Vale do Taquari, mas (na próxima estação) vai aumentar o número de dias com chuva volumosa e condições para tempestades."
Durante este mês, muitas cidades gaúchas já têm registrado precipitação acima do normal. Algumas delas observaram volumes de chuva que dobraram as expectativas para setembro. Caçapava do Sul, na Campanha, registrou 431,6mm, enquanto Serafina Corrêa, no Norte, contabilizou 400,8mm. Mesmo a capital, Porto Alegre, teve um acúmulo de 275,4mm na primeira quinzena de setembro, quando a média histórica para o mês é de 147,8mm.
Além do aumento da precipitação, a primavera também deve se apresentar mais quente do que o normal, outro indicativo da influência do El Niño. Segundo Lopes, o fenômeno não deve enfraquecer a curto prazo:
> "Esperamos que o fenômeno continue com intensidade de moderada a forte na primavera, inclusive ganhando força no próximo trimestre."
Eliana Klering, meteorologista da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), compartilha a mesma perspectiva:
> "Em algumas regiões, a chuva deve ultrapassar em mais de 50% a média histórica, principalmente nos meses de outubro e novembro. Nossas redes de drenagem estão comprometidas, e isso faz com que esses eventos de precipitação intensa mereçam um nível de atenção ainda maior."
Eliana ainda alerta que a previsão é de que o El Niño persista pelo menos até o final do verão de 2024, o que significa que a região continuará sob a influência desse fenômeno climático. Além do El Niño, a condição de chuva na região também estará associada ao aquecimento das águas do Oceano Atlântico subtropical, resultado de uma alteração no padrão do movimento das águas superficiais do oceano. Essa combinação de fatores torna a região suscetível a eventos extremos de precipitação, como chuvas intensas e prolongadas.
A Sala de Situação da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) emitiu um alerta para risco de tempo severo na maioria das regiões do RS, com chuvas volumosas até terça-feira (19). Os acumulados de chuva podem variar entre 75mm e 100mm na Metade Norte e ultrapassar os 120mm no Leste, Campanha, Sul, Sudeste e Centro no período. Além disso, há um alto risco de tempestades com queda de granizo e rajadas fortes de vento, de acordo com o alerta. A população está sendo orientada a ficar atenta aos avisos meteorológicos e tomar as precauções necessárias diante das condições climáticas adversas.
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