Nos últimos três meses, o Rio Grande do Sul tem enfrentado uma sequência atípica de nove ciclones extratropicais. Essa sucessão de eventos climáticos intensos tem gerado preocupações em relação a chuvas intensas, ventos fortes e mudanças climáticas significativas na região, colocando a população em alerta. Vamos explorar mais detalhadamente esse cenário, considerando o histórico e as causas por trás desses ciclones.
O que são ciclones extratropicais?
Os ciclones extratropicais são sistemas de baixa pressão atmosférica que se formam nas latitudes médias e altas do globo, geralmente entre 30° e 60° de latitude. Eles são caracterizados por ventos circulares em sentido horário no hemisfério sul e anti-horário no hemisfério norte, além de nuvens carregadas que podem provocar chuvas fortes, granizo, neve e trovoadas. Esses ciclones podem ter diferentes intensidades, desde moderados até severos, dependendo da diferença de pressão entre o centro e a periferia do sistema.
O Histórico:
Nos últimos três meses, o Rio Grande do Sul tem sido palco de uma série de ciclones extratropicais que têm afetado o clima e a vida dos gaúchos. Veja a cronologia desses eventos:
- 15 e 16 de junho: O primeiro ciclone se formou próximo ao litoral do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, trazendo chuvas fortes e ventos de até 100 km/h em algumas regiões. O fenômeno causou alagamentos, queda de árvores, destelhamentos e cortes de energia em várias cidades.
- 8 de julho: Outro ciclone se formou nas proximidades do litoral gaúcho e catarinense, provocando chuvas intensas e ventos de até 120 km/h. O evento deixou um rastro de destruição em diversas localidades, com destaque para Caxias do Sul, onde houve um tornado que arrancou telhados, derrubou postes e danificou veículos.
- 12 e 13 de julho: Um terceiro evento ocorreu sobre o próprio território gaúcho, gerando chuvas volumosas e ventos de até 90 km/h. O ciclone causou estragos em várias regiões, especialmente na Serra Gaúcha, onde houve deslizamentos de terra, enxurradas e transbordamento de rios.
- 26 de julho: Formação de um ciclone no litoral do Uruguai, afetando a região sul do RS. O sistema provocou chuvas moderadas a fortes e ventos de até 80 km/h. O fenômeno causou poucos danos materiais, mas deixou algumas cidades sem energia elétrica por algumas horas.
- 18 de agosto: Mais um ciclone se formou no litoral do Uruguai e na província de Buenos Aires, impactando a região. O evento gerou chuvas fortes e ventos de até 100 km/h. O ciclone causou alagamentos, queda de árvores e destelhamentos em algumas localidades.
- 4 de setembro: Novamente, um ciclone se formou no litoral do Uruguai e sul do RS. O sistema provocou chuvas intensas e ventos de até 110 km/h. O fenômeno causou estragos em diversas cidades, com destaque para Pelotas, onde houve um temporal com granizo que danificou cerca de mil residências.
- 13 de setembro: Formação de um ciclone nas proximidades do litoral do RS e SC. O evento gerou chuvas fortes e ventos de até 130 km/h. O ciclone causou danos em várias regiões, especialmente na Serra Gaúcha, onde houve um tornado que atingiu os municípios de São Francisco de Paula e Canela, deixando um rastro de destruição.
- 18 de setembro: Ciclone se formou sobre o mar, entre o Uruguai e a província de Buenos Aires. O sistema provocou chuvas moderadas a fortes e ventos de até 90 km/h. O fenômeno causou poucos transtornos, mas deixou algumas cidades sem energia elétrica por algumas horas.
- 26 e 27 de setembro: Ciclone se formou na costa do Rio Grande do Sul. O evento gerou chuvas intensas e ventos de até 140 km/h. O ciclone causou estragos em diversas regiões, com destaque para Porto Alegre, onde houve um temporal com granizo que danificou cerca de 15 mil residências.
Causas Principais:
Os ciclones extratropicais são influenciados por dois fatores predominantes:
- Contraste Térmico: O contraste entre as massas de ar quente e frio é fundamental na formação desses ciclones. O ar frio, advindo da Argentina e do Uruguai, encontra o ar quente e úmido que é deslocado do interior do continente devido ao fenômeno El Niño. Esse contraste entre diferentes massas de ar é o principal motor por trás da formação dos ciclones extratropicais na região.
- El Niño: O El Niño é um fenômeno climático que se caracteriza pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico Equatorial, alterando os padrões de vento e precipitação em escala global. Um dos efeitos do El Niño é o aumento da frequência e intensidade dos ciclones extratropicais no sul do Brasil, pois ele favorece o deslocamento de ar quente e úmido do norte para o sul do país, aumentando o contraste térmico com o ar frio que vem do sul.
Consequências e Prevenção:
A sequência de ciclones extratropicais no Rio Grande do Sul tem trazido diversos impactos para a população, tanto em termos de danos materiais quanto de riscos à saúde e à segurança. Algumas das consequências desses eventos são:
- Alagamentos, enxurradas e inundações: As chuvas intensas provocadas pelos ciclones podem causar o transbordamento de rios, córregos e canais, inundando ruas, casas e estabelecimentos comerciais. Essas situações podem gerar perdas econômicas, desabrigados, doenças e mortes.
- Queda de árvores, postes e fiação elétrica: Os ventos fortes podem derrubar árvores, postes e fiação elétrica, causando cortes de energia, interrupção de serviços essenciais, acidentes e incêndios.
- Destelhamentos e danos estruturais: Os ventos fortes também podem arrancar telhas, placas, vidros e outros objetos que podem atingir pessoas, veículos e edificações. Além disso, os ventos podem causar rachaduras, fissuras e desmoronamentos em construções mais frágeis ou antigas.
- Granizo: Os ciclones podem gerar nuvens que produzem pedras de gelo que caem do céu com velocidade e força. O granizo pode danificar telhados, janelas, carros, plantações e animais.
- Tornados: Os ciclones podem gerar vórtices de ar em forma de cone que giram em alta velocidade e se deslocam pelo solo. Os tornados são os fenômenos mais violentos da natureza, capazes de arrasar tudo o que encontram pelo caminho.
Diante desse cenário, é importante que a população esteja atenta aos alertas meteorológicos emitidos pelos órgãos competentes e tome algumas medidas preventivas para se proteger dos ciclones extratropicais. Algumas dessas medidas são:
- Evitar sair de casa durante os temporais ou se abrigar em locais seguros;
- Não ficar próximo a árvores, postes ou fiação elétrica;
- Não atravessar áreas alagadas ou enxurradas;
- Não se aproximar de janelas
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