O Conselho Superior da Polícia Civil decidiu, por unanimidade, recomendar a cassação da aposentadoria do ex-delegado Moacir Fermino, que teria inventado um ritual satânico para explicar a morte de duas crianças em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, em 2017. Os corpos foram encontrados há seis anos.
O julgamento do processo administrativo ocorreu nesta terça-feira (26), e todos os oito conselheiros votaram de forma unânime pela recomendação de cassação da aposentadoria. A decisão ainda cabe recurso. O secretário-executivo do Conselho, delegado Mário Mombach, explicou que o resultado será encaminhado ao governo, que terá a decisão final sobre a cassação do benefício.
Inicialmente, o processo administrativo estava previsto para ser julgado em março deste ano, mas acabou sendo adiado devido a "trâmites internos," de acordo com Mombach.
Segundo a investigação policial conduzida pelo delegado Fermino, as crianças teriam sido sacrificadas durante um ritual satânico encomendado por empresários. Cinco pessoas chegaram a ser presas. No entanto, a própria polícia admitiu, posteriormente, que tudo era uma farsa, e o delegado teria inventado o caso para ganhar relevância dentro da igreja à qual pertencia.
Após o escândalo, Fermino foi afastado das investigações e, em 2020, foi condenado pela Justiça, em primeira instância, a seis anos de prisão por falsidade ideológica e corrupção ativa de testemunha. Ele responde em liberdade e se aposentou, recebendo salário. De acordo com o Portal da Transparência, ele teve uma remuneração bruta de R$ 30,1 mil em agosto.
O caso das crianças encontradas mortas em setembro de 2017 próximo a uma estrada na Zona Rural de Novo Hamburgo permanece sem conclusão após seis anos. Os nomes das vítimas não foram descobertos, e a investigação foi entregue ao Poder Judiciário sem determinar quem cometeu o crime. O Instituto-Geral de Perícias (IGP) revelou que se tratava de um menino e uma menina, entre oito e 12 anos, com material genético compatível pelo lado materno. As vítimas foram esquartejadas, e os crânios nunca foram localizados.
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